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domingo, abril 28, 2013

Analise do Poema "Poética" de Manuel Bandeira


POÉTICA
(Manuel Bandeira)

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho verná-
[culo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com
[cem modelos e cartas e as diferentes
[ maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

ANALISE

Este poema demonstra o enfado que o autor sentia das ultrapassadas estéticas anteriores. Nota- se versos livres, reiterações, e imagens que negam a antiga estética artística. Todas essas formas mostram a ideia defendida pelos modernistas que é a liberdade no lirismo.
Manuel coloca varias imagens de negação dos valores poéticos do passado e depois a defesa de um lirismo libertador e por uma renovação da arte.
"Estou farto do lirismo comedido ...
Estou farto do lirismo que pára ...
Estou farto do lirismo namorador..."
Esse trecho demonstra o enfado dos modernistas pelos antigos valores e a busca de uma atualização da inteligência.
"Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas"

O poeta mostra seu desagrado em relação aos valores estéticos formais de composição parnasiana no qual a rigidez  controla e limita o autor em sua criação e a manifestação de uma lírica sem liberdade.  “... secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.” Esta enumeração sem vírgulas e a utilização da abreviatura têm o objetivo de ironizar , já que o poeta suprime as demais enumerações de tipos de lirismos automatizados que existem.
Outra estética que Manuel critica é a do Romantismo:
"Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo."

Namorador simboliza o amor idealizado, sem limites e o sentimentalismo extremo; em politico coloca o amor a pátria e o engajamento dos poetas na politica. Raquítico e sifilítico condiz ao apego à solidão, ao ambiente noturno, ao “mal do século romântico” que os deixam em um estado doentio, debilitado. Manuel Bandeira depois de toda essa negação defende o lirismo libertador usando duas características que são a linguística e a comportamental.
O autor deseja um lirismo com liberdade linguística "Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais. Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção. Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis"  devem  participar da criação poética pois são manifestações linguísticas naturais, inconscientes e movidas pelo impulso. O recurso utilizado para reforçar o uso destas formas de expressão é dado através da utilização de palavras como “todas”, “todos” “sobretudo”. Manuel Bandeira utiliza também, de forma bastante perspicaz, palavras que retomam a “exceção da exceção” como barbarismos e sintaxes, que são relevantes na criação poética porque são manifestações espontâneas do fazer poético, inclusive da estética modernista e acaba dimensionando tais recursos adjetivando-os como “universais” e “inumeráveis”.
“Quero antes o lirismo dos loucos
 O lirismo dos bêbados
 O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare"
Utiliza de personagens que estão fora de racionalidade tipos de personagens que agem por impulso sem pensar em censuras e repressões indo contra ao "lirismo bem comportado". Bandeira apela pela necessidade de libertar os freios inibidores impostos pela sociedade.
O último verso sintetiza todo o poema:
“- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação”.
Neste último verso, o poeta utiliza a dupla negação para reafirmar o propósito de todos os versos anteriores: o de demonstrar a insatisfação com os valores estéticos tradicionais. O poeta projeta neste verso o seu desabafo, a sua não aceitação da incompletude da arte poética tradicional, do lirismo que não é libertação. O poeta quer deixar claro que não quer mais nenhum lirismo comedido e bem comportado; negando as formas tradicionais de arte para afirmar a liberdade poética como forma de arte autêntica.

O MODERNISMO – CONTEXTO HISTÓRICO
 Enfraquecimento da Republica café com leite no Brasil

·        Período Pós - Guerra na Europa.

Nas Artes
 Futurismo
·         Expressionismo
·        Cubismo

Por: Jennefer Dias e Jessica Spaolonzi

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